sábado, 2 de julho de 2011

A ORIGEM DO CULTO AOS ORIXÁS

Nos primórdios da civilização humana, que ocorreu na África, as famílias eram constituídas por clãs (grande número de membros descendentes de um mesmo antepassado). Os clãs ficavam geograficamente espalhados pelo território em sítios que possibilitavam a subsistência de seus integrantes.
O orixá nasceu dentro desta organização, e está intimamente ligado, portanto, à noção da família, vez que era um ancestral pertencente a este clã que, em vida, demonstrou, por suas ações, controlar certas forças da natureza humana, ou do ambiente, assegurando aos seus descendentes a possibilidade de exercer as atividades como a caça, trabalho com metais ou, ainda, adquirindo o conhecimento das propriedades das plantas e sua forma de utilização em benefício dos homens.
A passagem da vida terrestre à condição de orixá, portanto, nasce em um momento de paixão, no qual o ser reúne todas as suas forças em direção a um objetivo. As lendas, nesse passo, teriam a função de conservar a lembrança de seus feitos e que são reunidas nos estudos da mitologia africana.
Cada clã possuía seus orixás e, portanto, havia muitos orixás na África. Estima-se que mais de 600 orixás eram cultuados naquela região. Com o tráfico negreiro, vieram cerca de 50 orixás que se reduziram a 16.

E o mundo celeste nunca esteve distante tampouco superior, e o crente sempre pôde conversar diretamente com as divindades e aproveitar da sua benevolência.

Durante as cerimônias de evocação, o orixá se apossa de um médium, dança com os seus descendentes e deles recebe seus cumprimentos, ouve as suas queixas, aconselha, concede graças, resolve as suas desavenças e dá remédios para as suas dores e consolo para os seus infortúnios, como se fora um embaixador de Olorúm (Deus). É preciso salientar, por derradeiro, que após o tráfico negreiro, uma vez que os clãs não conseguiam se reintegrar na América, a noção do orixá deixou de ser comunitária (um médium recebendo o ascendente orixá do clã) para se tornar individual (durante uma mesma cerimônia, vários “ iaôs” são possuídos pelo mesmo orixá, para satisfação individual e de todos aqueles que cultuam aquele orixá).
Cultuar o orixá é, portanto, ao entender suas origens, cultuar a noção da família universal.

Axé a todos!   Ramatís