sábado, 25 de abril de 2009

ESTUDO SOBRE A COMUNICAÇÃO COM OS ESPÍRITOS(I): LIÇÕES BÁSICAS (I)


A COMUNICAÇÃO COM OS ESPÍRITOS(I): REGRAS BÁSICAS PARA EVOCAÇÕES SEGURAS
(Livro dos Médiuns, ano de 1861 – Capítulo XXV)

Allan Kardec nos deixou regras simples para lidar tanto com evocações de pessoas que nos foram próximas quanto com evocações regulares, realizadas em sessões semanais.
Todas, ensina o codificador da Doutrina Espírita, única a estudar com seriedade e profundidade o fenômeno mediúnico:
a)devem ser precedidas de prece sincera e evocação feita em nome de Deus, com sustentação por corrente mediúnica formada de pessoas sérias;
b)formular perguntas claras;
c)usar linguagem simples e evitar posturas ou palavras bajulatórias. Tratar aqueles que se manifestam nas sessões como se encarnados fossem, tendo veneração pelos que a merecem, reconhecimento pelos que os protegem e assistem e para todos os outros a bondade que talvez nós mesmos necessitemos um dia.
d)constância nas tentativas de evocação (mesmo dia e mesmo horário), pois a medida auxilia a vinda do Espírito porque eles têm suas ocupações que não podem abandonar de repente para satisfação pessoal dos evocantes.
e)sempre procurar médiuns e ambientes sérios e com referências. Caso não as tenha, a boa razão será sempre o seu bom guia para avaliar o que lá foi visto e o que lhe foi dito.
Quanto às evocações regulares, o que se observa na prática diária, é que sempre ocorrem porque ao lado dos seres encarnados, há os Espíritos que as freqüentam sem que precisemos chamá-los, pela simples razão de já estarem prevenidos da regularidade dos trabalhos. Claro que a sua infalibilidade não autoriza aos evocantes deixar de cumprir as regras gerais acima descritas porque destinadas a manter a permanência de Espíritos bons e com a vontade de praticar o bem.
E no que se refere às evocações particulares, de amigos e parentes já falecidos, é preciso, de início, que o evocante interrogue sua consciência a fim de avaliar acerca da real necessidade da comunicação, ou se ela se encontra fundamentada no mero espírito de curiosidade, como por exemplo, saber como a pessoa está, ou em outros motivos supérfulos. É bom lembrar que podemos inquirir os Espíritos que já comparecem nas sessões regulares sobre o estado de amigos e parentes falecidos e bons conselhos também deles podemos obter, sem que precisemos chamar Espíritos familiares e de amigos. Aliás, eles podem se valer dos Espíritos que conhecemos nas reuniões regulares, para levar aos evocantes suas mensagens quando não podem comparecer à reunião.
Verificada pelo evocante sua real necessidade em evocar determinada pessoa desencarnada, há que se certificar se o interessado procura um grupo mediúnico sério. É imprescindível, outrossim, que o evocante esteja presente à reunião porque apenas ele pode conhecer a identidade do Espírito e manejar as perguntas necessárias. Demais disso, a própria presença do interessado atrai o Espírito comunicante, desde que tenha com ele laços sentimentais fortes (simpatia ou antipatia).
Entretanto, pode a evocação particular não ocorrer de imediato, ainda que todas as recomendações tenham sido atendidas. Tal impedimento se dá em razão do Espírito estar envolvido em outras ocupações; porque já se encontra encarnado e, naquele momento preso à matéria porque não se encontra durante o sono, ou porque o tipo da mediunidade do médium escolhido para a evocação não a permite, o ambiente da evocação ou a condição moral dos envolvidos.
Por outro lado, tanto em evocações regulares e nas particulares, vemos muitos dos participantes interessados em questões da vida material.
Não queremos aqui dizer que tal procura é errada, pois os Espíritos podem nos dar bons conselhos acerca da vida material sem, é claro, pretender que eles nos substituam nas decisões da vida.
Aliás, dão suas lições quase sempre com reserva, de maneira indireta, para deixarem maior mérito aos que as aproveitam, Mas são tais, conforme leciona Kardec, a cegueira e o orgulho de certas pessoas que elas não se reconhecem nas lições recebidas. E ainda mais: se o Espírito lhe dá a entender claramente acabam por se zangar e chamam-no de mentiroso ou atrevido, e até põe em dúvida a honestidade do médium.
O que devemos vigiar é a constante procura por evocações públicas e particulares APENAS por interesses particulares e materiais. Ora, se todos os pensamentos referentes aos parentes, amigos falecidos e aqueles que regularmente incorporam nas reuniões semanais limitam-se a considerá-los consultores e feiticeiros, sem afeto sincero, se só pensamos neles pedindo informações do futuro, não podem eles ter grande simpatia por nós e não devemos nos admirar de que nos demonstrem pouca bondade ou paciência. É só você se colocar no lugar deles.
Aproveitemos, então, o momento de comunhão com a vida espiritual (a vida definitiva), que se realiza durante a sessão semanal, e nos esforcemos por cultivar muito mais nossa aproximação do Criador, o autoconhecimento e a reforma de atitudes e pensamentos, do que a simples ansiedade por soluções da vida material.
E quanto às evocações particulares, embora Kardec nos tenha deixado guia seguro para realizá-las, lembremos da lição de um dos maiores médiuns encarnados, Chico Xavier, que afirmava, quanto às evocações de parentes e amigos, que “o telefone sempre toca, mas de lá para cá”.

DAS PERGUNTAS QUE SE PODEM FAZER AOS ESPÍRITOS DURANTE AS EVOCAÇÕES
Do Livro dos Médiuns, ano de 1861 – Capítulo XXVI – Allan Kardec

Perguntar aos Espíritos não é uma coisa ruim ou inconveniente. Se fosse assim a Codificação Espírita não existiria(*). O Importante é saber o que se perguntar, para não se atrair, com as perguntas, respostas vazias ou de espíritos zombeteiros.
Faça perguntas ou pedidos claros e precisos, circunscritos a um assunto porque assim respondem mais facilmente. Deve-se, pois, organizar perguntas e pedidos com antecedência juntamente com uma prece feita com sentimento, vez que isso constitui uma espécie de evocação antecipada da entidade e que só vêm a facilitar. Também você deve estar preparado para modificar perguntas e respostas suas de acordo com as respostas dadas por eles.
Porém, evite perguntas ou respostas com o fim de lhes por à prova a perspicácia (a inteligência do espírito comunicante).
Em resumo: os Espíritos nos dão úteis esclarecimentos, porém respondem mais ou menos bem, conforme os conhecimentos que possuem, o interesse e afeição que nos tem e, finalmente, o fim a que nos propomos.
a)Perguntas sobre o futuro -É possível que seja respondida, vez que um Espírito pode prever um fato, mas o momento em que ocorrerá depende de acontecimentos que, talvez, ainda não ocorreram ou sequer ocorrerão. Por isso, seria muito infantil da nossa parte levar a ferro e fogo previsões com dia e hora marcados.
b) Perguntas sobre a previsão da morte - Os Espíritos que prevêem a morte de alguém são Espíritos de mau gosto, que outro fim não têm, senão gozar com o medo que causam. No entanto,o Espírito pode desprender-se do corpo físico e prever sua própria desencarnação.
c)Perguntas sobre existências passadas - Deus algumas vezes permite que elas sejam reveladas, para a vossa edificação e instrução; quase sempre espontaneamente e de modo inteiramente imprevisto.Com relação a existências futuras nada nos é dado conhecer.
d)Perguntas sobre interesses morais e materiais - Os Espíritos familiares podem até nos aconselhar em assuntos privados ou favorecer nossos interesses materiais, de acordo com o objetivo ou as circunstancias.Já os nossos Espíritos protetores podem, em muitas circunstâncias, nos indicar o caminho sem substituir nossa liberdade.
e) Perguntas sobre descobertas científicas e inovações tecnológicas - A ciência é aquisição do trabalho humano. Todavia, é claro que no momento em que um avanço deve chegar á terra, os Espíritos incumbidos de lhe dirigir a marcha cercam os cientistas que nele trabalham inspirando-os com idéias, para auxiliar os trabalhos. E caso ainda não existam cientistas trabalhando, buscam homem capaz de levar o avanço a bom termo.
f) Perguntas sobre o estado de saúde - Sim respondem com boa vontade. Mas como há ignorantes e sábios entre eles, tanto no tema saúde como em outros temas, não convém se dirigir ao primeiro que se manifeste. Segundo Kardec, até as celebridades médicas (os conhecidos aqui da Terra), quando no plano espiritual, podem errar porque têm muitas vezes opiniões sistemáticas que nem sempre são justas. Lembremos que a ciência terrena está aquém da ciência desenvolvida no plano espiritual.
g)Perguntas sobre a situação de Espíritos amigos e familiares: respondem as perguntas desde que ditadas pelo espírito de simpatia.
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(*) - Importante traçarmos como Kardec escreveu os livros da Doutrina Espírita, onde procura descrever como é o mundo espiritual e suas relações com o mundo material: Kardec era descrente acerca da sobrevivência do Espírito, porém, tendo contato com os fenômenos espirituais frequentes à sua época (as mesas girantes) decidiu investigar quais as causas que levavam tais mesas a girar sozinhas. É imporante ressaltar que este fenômeno se tornou tão comum na segunda metade do século dezenove (1850 a 1900), na Europa, que até Napoleão costumava frequentar lugares onde o fenômeno ocorria (isso é fato histórico, podem pesquisar). Pois bem. Após estudar as manifestações e verificar que tais mesas respondiam a questões a ela formuladas por meio da sistematização de batidas (uma batida para SIM e duas para NÃO) deduziu pela participação de uma entidade inteligente por trás daquele fenômeno. Com o tempo, as comunicações foram se aperfeiçoando até chegar nas "cestas de bico", isto é, um aparato leve onde se colocava uma pena e que, diante da imposição de mãos do médium, se movia sozinha escrevendo no papel. É claro que Kardec se utilizava de médiuns de efeitos físicos para propiciar a ocorrência destes fenômenos,aliás, eram muito comuns na época e hoje não mais. Continuando o raciocínio, com a modernização do meio de comunicação pelas cestas de bico, Kardec selecionou pela Europa vários médiuns que não tinham contato entre si, nem se conheciam e elaborava inúmeras questões de ciência, filosofia, e outras acerca do mundo espiritual, para que fossem respondidas por essa força inteligente que desconhecia. Depois de formular a mesma pergunta a vários médiuns selecionados, comparava as respostas e formulava a resposta com base no princípio da concordância das manifestações. Foi assim que a Doutrina se erigiu..totalmente da mão dos Espíritos....por isso que Kardec é chamado de CODIFICADOR...ELE NÃO ERA MÉDIUM.(A história da formação da Doutrina aqui é exposta bem resumidamente/Maiores informações serão encontradas em livros especializados ou em buscas na internet)